sábado, 26 de dezembro de 2009

uma estória ordinária

Ele se senta numa das cadeiras de espera do salão de beleza. Fica ali observando e acumulando dentro de si uma tranquila inquietude que logo o faz levantar-se, dar uma volta ali mesmo no shopping. Para depois voltar, adentrar com intimidade o salão, relancear lá para cima, onde estão as manicures. Parece que aguarda alguém. Mas quando dá as costas, repetindo sua saída, percebo um suspiro impaciente de uma das cabelereiras. A que corta o meu cabelo ri, me dando a deixa para perguntar. O que foi? Ela tenta não rir, deixando claro que ri do senhorzinho que entra e sai, que passa por nós naquele mesmo instante. Quem é? Enquanto levanta meu cabelo e repica com profissionalismo as pontas molhadas, explica que ele faz isso o dia todo. Aquele vai e vem. Com pena dele, pondero que talvez não tenha nada pra fazer; que esteja platonicamente apaixonado por alguma das moças? A cabeleira ri, como a dizer "Deus nos livre", e depois diz: é um sem vergonha. A mulher dele às vezes vem aqui. Noutro dia cochichou uma indecência no ouvido da outra ali. Não percebe que o tempo dele já passou!?
E com cara de desgosto ou um sorriso debochado conta uma coisa e outra, fala de seu mau hálito, de seu "cheirinho", descolore a primeira imagem do senhorzinho decente e com tintas fortes termina, e me pergunto qual será o final dessa estória.

Um comentário:

  1. Fico imaginando mil e uma coisas indecentes desse tal de senhorzinho...rs...isso não se faz, terminar a história sem contar tudinho...hehehe...
    Adorei!
    Beijo!

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