mar à vista

"As esganadas", Jô Soares

Neste livro Jô Soares conta a estória de um sujeito, dono de uma funerária, o qual, em decorrência da raiva enrustida que sentia de sua mãe (uma doceira portuguesa obesa), passa a atrair e matar mulheres obesas com doces num cenário do centro de um Rio de Janeiro da década de 40 e onde três policiais e uma jornalista se ajudam mutuamente a desvendar o mistério. Achei divertido, embora as passagens (ainda que breves) do radialista narrando os crimes e, especialmente, passes do jogo final da Copa entremeando a cena em um capítulo tenham sido bem chatinhas.

"Winston Churchill - minha mocidade"

Bacana conhecer mais sobre Churchill nesta autobiografia onde ele relata fatos de sua mocidade, o ingresso na escola de oficiais, sua passagem pela India, Egito e Africa do Sul (e algumas batalhas nas quais participou e a forma como eram feitas antes do maior armamento que surgiria na Primeira Guerra Mundial), sua carreira de jornalista/correspondente de guerra e posteriormente seu ingresso na política. Interessante saber que foi péssimo aluno, chegando a crer que não teria futuro algum a menos que seguisse a carreira militar. E o episódio de sua prisão e fuga, na guerra dos boêres onde atuou como correspondente, daria um filme e tanto - não sei como ainda não fizeram.

"A vaca na estrada"

Tive a impressão de que o autor, Lúcio Martins Rodrigues, talvez tivesse tido a intenção de apenas rememorar a viagem feita com um amigo francês, de carro, nos anos 70, de Paris a Katmandu - daí o título do livro "A vaca na estrada, de Paris a Katmandu"- porém entremeia a narração com lembranças de viagens posteriores e faz contrapontos com aquela sua primeira viagem e outras, o que não é demérito algum, ao contrário, torna o livro mais interessante, especialmente por trazer um olhar brasileiro. Como eu adoro conhecer outras culturas, ainda mais aquelas para onde jamais pensaria em visitar, como India, Afeganistão, Nepal, gostei do livro do início ao fim!

O poder da música na memória

Lembrei de repente de uma estrofe de uma canção que não ouvia há muito, muito tempo. Brotou da memória, tão cristalina quanto a voz da cantora, me remetendo de imediato à época, ou melhor, a um momento específico quando a ouvia com mais frequência e corri para procurá-la no youtube onde a encontrei. E súbito, mesclando uma alegria tranquila e certa melancolia, voltei aos meus 14 anos, àquele caminho pelo Horto, por onde David H. namorado de minha irmã costumava usar para chegar à Barra da Tijuca e eu, quase sempre junto, de "vela" - o que era provavelmente chato para eles :) e poderia ser chato para mim, mas não foi jamais - e então no fusca cor de tijolo ouvíamos a reprodução numa fita Kodak o album do Renaissance, o conjunto que eu mais gostava na época e este em especial, mais valioso ainda pra mim por não ser encontrável por aqui. Impossível dizer quantas vezes a ouvíamos de fato, mas a impressão ficou, marcando cada acorde desta música àquela circunstância e estará para sempre ligada àquele verde todo da vegetação, das curvas daquela estradinha estreita do Horto e a essas duas pessoas, minha irmã e David, que, sem que pudéssemos saber então, me deram um pequeno, simples e agradável presente que venho guardando no coração e que neste momento, ao reouvir a música, desembrulhei da lembrança e a quem me deu vontade de agradecer.

"Conspiração franciscana" e "As filhas da princesa"

Embora não seja empolgante, desses livros que não quero largar, gostei do "Conspiração franciscana", de John Sack que narra a aventura, ambientada quase toda em Assis, de um frei franciscano e uma noviça na idade média para descobrir onde se encontravam os restos mortais de São Francisco - que havia sido roubado e enterrado num lugar secreto por uma confraria religiosa. Interessante os detalhes históricos! Já o segundo livro, "As filhas da princesa", conta fatos passados na família real saudita e/ou com gente conhecida destes, contados por uma princesa saudita e transcritos pela autora Jean P. Sasson; são acontecimentos muito chocantes como por exemplo os surtos de loucura ou de extrema religiosidade (temporários ou permanentes) pelos quais algumas mulheres passam em decorrência de tamanha repressão naquela sociedade; a tara de alguns homens; a dificuldade na educação de adolescentes naquele meio privilegiado da realeza e a existência, ainda hoje, da castração feminina no Egito.

Délices Français

Faz um tempinho abriu em Copacabana uma loja especializada em macarons, chocolates e delícias - e passamos lá hoje.